Cifra Club

Medo (part. Tribo da Periferia)

Voz de Poder

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É irmão, todo mundo tem medo de alguma coisa
Tem porque cê tá vivo
Num é uma pedra ou um objeto
E não adianta falar que não tem não, porque tem
Eu tenho vários e vou te falar alguns deles

Eu tenho medo da morte, muito mais dessa vida
Medo de não ser forte, não achar a saída
De me entregar quando for pra reagir
De enfrentar o oposto pelo gosto de ferir
Prosseguir
Nos vales de espinho e sorrir pra fingir
Que os males do caminho vão sumir
Acreditar, sonhar e ver que tudo é cadeia
Juntar seu amor e dar pra quem te odeia
Eu tenho medo
Do erro porque traz o pretexto
Quem erra paga caro às vezes o mal do preço
Medo das frases que trazem a esperança
Não ser compreendido e levar tiro de criança
Eu tenho medo do menino por muito sem alimento
Sem carinho, sozinho nesse mundo violento
Medo da proposta do pesadelo, do momento
Do coração de gelo, olhar frio sem sentimento

Tenho medo de não encontrar a paz
Medo de temer
Medo de não temer mais
Eu tenho medo de me encontrar só
Mais vivo, só e sem medo

Tenho medo de não encontrar a paz
Medo de temer
Medo de não temer mais
Eu tenho medo de me encontrar só
Mais vivo, só e sem medo

Eu tenho medo de sorrir agora e chorar depois
De dar meus sentimentos aos que ficam pra quem foi
Chorar num momento que era pra segurar
De não ter palavras certas quando o caixão se fechar
Medo da consequência que isso aí pode trazer
Precisar de apoio, olhar pros lados e não ter
Medo da matraca apontada sem direção
Do psicopata sem amor no coração
Medo
De não saber o que está pensando
Se ama ou sofre quando está matando
Medo de amar e não ser correspondido
Rimar na poesia e não ser compreendido
Medo de viver constantemente no sufoco
Mente atribulada, diagnóstico de louco
Por pouco me vender e depois me arrepender
De você estar com todos e ninguém estar com você

Tenho medo de não encontrar a paz
Medo de temer
Medo de não temer mais
Eu tenho medo de me encontrar só
Mais vivo, só e sem medo

Eu tenho medo da detenção, do frio da madrugada
Da polícia, da milícia que atira sem falar nada
Do click da Samsung, da foto mal registrada
Com os jornais mostrando a minha cara furada
Dizendo que morreu porque envolveu com canalha
Aqui o crime não é creme, o crime não aceita falhas
Estamos indo, irmão, pro final da era
Terremotos, maremotos, grandes crateras na terra
Medo da certeza que seria necessário
Comprar lugar no céu e 10% do salário
Dízimo, propina, sei lá, ninguém receia
Mercenário aumenta a fé quando vê a casa cheia
Medo da flor, do perfume que exala
De sentir o odor quando eu tiver na vala
Medo da falência da crença que se desfaz
Medo de ter medo
Medo de não temer mais

Tenho medo de não encontrar a paz
Medo de temer
Medo de não temer mais
Eu tenho medo de me encontrar só
Mais vivo, só e sem medo

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