Eu falo que vejo na rua
Na minha vontade de ir embora
A regra que é nua e crua
Aquilo que te dói agora
Eu falo e faço barulho
Ninguém na mente calar
Escrevo até os riscos do muro
Seguro nunca ninguém tá
Eu falo desse desespero
O sonho da revolução
De quem não entra mais no mercado
De quem não come mais o pão
Eu falo e é difícil falar
Porque é difícil ouvir
De quem só olha a minha cor
Da que julgam a mesma por aí
Às vezes eu falo de amor
Da prévia da nossa infração
De quem volta à tarde para casa
De quem já comprou o seu perdão
Eu falo de quem te matou
Eu falo de quem não morreu
Da vítima que se revoltou
A falta de quem se perdeu
Trabalhando de sonhar
No meu cargo de viver
Promovi minhas loucuras
Para administrar o que acontecer
Será que existe alguém
Ou algum motivo importante
Que justifique a vida de agora
Ou pelo menos neste instante
E é tanta coisa para falar
Que falta a vida para dizer
Falta sonho pra gente sonhar
Falta tempo para gente escrever
Eles buscam o futuro
Na porta do passado
Talvez sejam julgados
Ou sejam estudados como os atrasados
É que o mundo me abraça
Com tanta sutileza
Acho que eu nem perceberia
O toque de uma cela ou dessa matrix presa
Vivendo em modo automático
Desligaram a vossa humanidade
Somos bonecos de ferro
Andando pelas ruas de uma cidade
Quem quer mais do que lhe convém
Perde o que quer
Perde o que tem
Vida longa aos loucos
Por que, os sóbrios
Promovem guerras
Ou fazem explorações dos outros