Hoje eu vou pra Paris
Não importa a pandemia
Subirei a Torre Eiffel
Nos degraus da poesia
Vou brincar de arco- íris
Pintando todas as cores
Fazer o meu mundo feliz
No meio das minhas flores
Talvez vá para Buenos Aires
Dançar boleros e tangos
Rodopiar pelos ares
Valsando em algum fandango
Quero ir pro Paraíso
Sem sair do meu lugar
Pendurada num sorriso
Que descortina o olhar
Nesse final de semana
Quero ser a poderosa
Passar o dia na cama
Com pijama cor de rosa
Vou dançar um balé clássico
Ou quem sabe só o pezinho
Vestirei um terninho básico
E vou fugir devagarinho
Sou louquinha de amarrar
Eu concordo plenamente
Quero ir, e quero ficar
Tudo inconstitucionalmente
Vassoura de piaçava
É a minha carruagem
Quem disse que eu não voava
Ficou falando bobagem
Se sou bruxa, feiticeira
Sou da família real
A mistura brasileira
É mesmo sensacional
Cai da cama, acordei
Sonhei que estava em Las Vegas
Eu ri tanto, que chorei
Veja que sonho mais brega
Uma festa glamorosa
Sempre me deixa em conflito
Entre Penélope charmosa
E o Malvado Favorito!
Vou brincar de Chita e Jane
O Tarzan depois da gripe
O tal Covid que se dane
Não é hora de chilique
Dançar sempre nos encanta
Não importa o dançarino
Guitarreiro quando canta
Tem o olhar de um menino!
Dentro d’alma do poeta
Rosas exalam perfumes
Quando a rima se completa
O Bem-te-vi tem ciúmes
Sou humilde comediante
Um ator, comentarista
Uma tristeza contente
Na alma de algum artista
Estou cansada da fama
Sempre pra lá e pra cá
Com cara de Taturana
Que abraçou um Tamanduá
Vou pros Lençóis Maranhenses
Levar a vida de dondoca
Levarei os meus pertences
E uma panela de pipoca!
Eu vou pras ilhas Canarias
Levarei meu violão
Um chinelo confortável
E a cuia de chimarrão
Vou brincar de milionária
Vai ter muita curtição!
Charles Bronson me chamou
Para gravar uma cena
Não sei se fico ou se vou
Vou morrer neste dilema!
Adormeço Cinderela
E acordo toda amassada
Corro abrir a janela
Pra assustar a criançada
Vou passear pelo rio Sena
Numa gondola enfeitada
Vestindo só os poemas
Da louquinha enclausurada
Eu vou para ilha de Caras
Jurando que sou artista
Com nariz de capivara
Só na capa de revista
Todos são celebridades
Vou fingir que sou também
A loucura a sanidade
Se misturam muita bem
Nos tempos de brilhantina
Já dancei com John Travolta
Lavei prato e fiz faxina
Como esse mundo dá voltas
Elvis Presley nem comento
Quanto rock já dancei
O difícil do momento
Foi na hora que acordei
George Clooney me convida
Para uma festa na mansão
Como fiquei constrangida
Quando beijou minha mão
E o tal Frank Sinatra
Que chegou sem avisar
Tropecei num vira-lata
Que mordeu meu calcanhar
Fui mancando, mas dancei
Dancei até acordar
Quanto mais o pé doía
Mais eu queria dançar
Meu jardim de cercas brancas
Cheirando a manjericão
E as emplumadas gargantas
Que encantam o meu coração
Eu sempre fujo de mim
Como criança sapeca
Me escondo no jardim
Para brincar de boneca
Posso ser quem eu quiser
Trancada dentro de casa
Faço tudo que poder
Para não quebrar minhas asas
Quando fui para o velho Oeste
Só arranjei confusão
Num filme de faroeste
Gastei toda a munição
Deus me livre, fofocas
Da tua língua afiada
Por isso não me provocas
Que eu falo e não cobro nada!
Faço todos os papeis
Nesse teatro ambulante
Sou o senhor dos anéis
Numa terra de gigantes
Não reclamo porque sonho
Pra que fazer confusão
Se tenho tudo que amo
Bem ao alcance da mão