Quem poderá curar-me?
Acaba de entregar-te já deveras
Não queiras enviar-me
Mais mensageiro algum
Pois não sabem dizer-me o que desejo
Mas como perseveras, ó, vida
Não vivendo onde já vives?
Se fazem com que morras
As flechas que recebes
Daquilo que, do Amado, em ti concebes?
Por que, pois, hás chagado
Este meu coração, o não saraste?
E, já que mo hás roubado
Por que assim o deixaste
E não tomas o que roubaste?
Extingue meus anseios
Porque ninguém os pode desfazer
E vejam-Te meus olhos
Pois deles és a luz
E para Ti somente os quero ter
Ó, cristalina fonte
Se nesses Teus semblantes prateados
Formasses de repente
Os olhos desejados
Que trago nas entranhas esboçados
Aparta-os, meu Amado
Que eu alço o voo