As paredes me encaram, ou será que sou eu?
Tem vozes nos cantos dizendo que fui eu quem perdeu
Caminho entre sombras que só eu posso ver
Mas juro que amei, mesmo sem entender
Os espelhos quebrados sussurram meu nome
E cada caco carrega um por quê sem fome
Amar foi doença ou foi salvação?
Não sei o que é real no meu coração
Por que ainda falo de amor, se ele nunca ficou?
Se todos os abraços fugiram, e o frio me abraçou
Por que ainda escrevo teu nome nas nuvens do chão?
Se só vejo fantasmas dançando na contramão
Os remédios não curam as dores da alma
A solidão grita mais forte que qualquer calma
Eu falo com Deus, mas Ele se cala
Ou talvez Ele chore enquanto a noite me embala
Já confundi carinho com pena demais
Já pedi desculpa por existir, mil vezes ou mais
Meu quarto é prisão, é igreja e é inferno
Mas meu peito insiste em buscar o eterno
Por que ainda falo de amor, se ninguém mais me vê?
Se até o espelho se recusa a dizer quem é você
Por que ainda escrevo poemas pra quem me apagou?
Se tudo que resta em mim é um grito que ecoou
Não sei se sou louco, ou se o mundo enlouqueceu
Só sei que o amor me feriu e depois me esqueceu
E mesmo assim, na beira do abismo e da dor
Meu último suspiro ainda fala de amor
Por que ainda falo de amor, se só escuto o adeus?
Se até meus delírios parecem mais fiéis que os seus
Por que ainda insisto em amar, nesse mundo sem cor?
Talvez
Porque só o amor entenda minha dor