Quanto tive que me blindar
Pra não desmoronar
Ao ponto de não chorar
Naquela noite de abril
Quantos olhos
Ninguém viu
O coração vazio
A dor que consumiu
E o olhar febril
Como substituir
O que nunca existiu?
A vida por um fio
Mas, um sorriso gentil
Acho que o sábio mentiu
Falou que eu era vil
Que por errar, merecia o vazio
Tu é incapaz de chorar
De se importar
De se apegar
Como justificar
Essa emoção
Que me faz pensar
Nela em toda manhã
Em toda ação
Ser forte é não sentir?
Então, por que esse peito aqui insiste em se ferir?
Insiste em resistir
Insiste em existir
Mesmo que a mente sempre insista em desistir
Talvez o tempo vá curar
Ou me enterrar
O peito quer lutar
Mesmo sem saber sorrir
Quem eu tive que trair
Para não cair
E ver o mundo ruir
Naquele quarto sombrio
Me falaram para fingir
Que é fácil não sentir
Ninguém viu fugir
Nem onde me escondi
E se tudo que eu vivi
Foi pra resistir?
E me tornei assim
Para não me ver sumir
Mas não é fácil admitir
Só sei existir
Quando deixo fluir
O que nunca quis sentir
É tanto para pensar
Vir me sufocar
Que no fim, eu vou deixar
O que eu sinto falar
Porque sempre quis mudar
E ser capaz de amar
Sem ter medo de errar
E me permitir chorar