Cifra Club

Carta ao Velho Rosa

Pedro Antonio

Aún no tenemos los acordes de esta canción.

Meu velho Rosa
Nasci aqui e vivi nessa morada
Criei meus filhos com a minha doce amada
E trabalhava com prazer de Sol a Sol
Com muita fé arava a terra onde plantava
Colhia tudo que a família precisava
E ainda guardava mantimentos no paiol

E, ei
Tempo bom se trovejava
Ouvia o vento
Que a, e, i, o, uivava

Tirava leite e fazia uns queijinhos
Curtia couro e trançava os meus laços
Moía cana e fazia rapadura
Era fartura o que eu tirava desses braços
Como era bom levar os bois pelos trieiros
Ouvindo o carro que cantava sem parar
Era pra mim o mais famoso seresteiro
Cantava triste só pra gente se alegrar
Meu filho chamando a guia
Era minha companhia que contente assobiava

E, ei
Tempo bom se trovejava
Ouvia o vento
Que a, e, i, o, uivava

Era assim que vivia ali
Naquele pé de serra
Onde o mundo principia
Aquilo tudo, ali, era nada
Nas foi ali
Na beira daquela aguada
Que ele fez sua morada
Construiu sua família
Fez casa boa de telha
Paredes com tijolos de barro
Esteios de aroeira
E até o piso era assoalho de madeira
Onde já dançou muito catireiro bom
Fez a cerca de arame
Que separa os pastos
Casinha de queijo, curral, paiol, chiqueiro, barracão
Até o carro de boi, as cangas, os canzis, o cambão
Tudo ali ele fez na mão
Mas naquele tempo era bão
A fazenda vivia cheia
Tinha muito agregado que tocava a roça na meia
Muita gente pra ajudar
Também pra prosear
Tirou um rêgo d'água que ele trazia sempre limpinho
Onde o menino mais véio gostava de brincar
Ali ele conheceu barquinho pra navegar
Soltava ele lá na cabeceira da grota
Ele vinha acompanhando ele rêgo abaixo
Até chegar lá no rancho do monjolo
Onde tem a bica do pau de buriti
Era ali que o barquinho vinha cair
De todas as benfeitorias que tinha feito
O monjolo era o que ele mais gostava
Pois os dois se pareciam
Eles tinham a mesma mania: Trabalhavam sem parar
Ele desde antes do amanhecer até depois que escurecia
O monjolo pra parar ainda carecia de alguém lhe segurar
Se deixasse por conta dele, ih
Trabalhava dia e noite sem parar
Pilando o arroz, o café
Ou triturando milho pra fazer canjica ou fubá
A água que caía da bica no seu cocho
Pesava e ele subia
Depois jogava aquela água fora
E descia com toda força no pilão
Sempre com aquela mesma cantiga
Que a gente nunca cansava de escutar
E sempre ali naquele mesmo compasso de breve
Sem pausa, sem errar
Sua mulher, êta mulher trabalhadeira
E era também muito bonita
Gostava de receber visita
Eu mesmo ia muito lá
Apreciava aquele frango com quiabo
Que ela fazia no fogão de lenha
Enquanto afogava o frango
Ia me perguntando sobre a vida na capital
Que que eu fazia pra viver
E até queria saber
Quando é que eu ia voltar
Coisa que até hoje não sei responder
Tô deixando a vida me levar
Ela pegava aquele jacá cheinho de algodão
Catava aquilo tudo, descaroçava, cardava
Depois fiava as meadas bonitas
Que ela tingia com sementes de urucum
Passava raiz de sumaré
Como era inteligente aquela mulher
Ela pegava aqueles novelos depois
Levava lá pro tear onde ela tecia
Os cós de calça que ele usava
Os baixeiro, as coxonia, as cobertas e tudo mais
E sempre ali, jogando a tiradeira de um lado pra outro
E alternando os pés nos pedais
Cidade, só iam de vez em quando
Pra visitar algum parente
Ou quando faltava alguma coisa que precisavam comprar
Mas iam e voltavam no mesmo dia
E ele sempre dizia que aquilo não era lugar pra se morar
Era lugar pra doutor
Gente que nem o senhor, que precisava estudar
Ou então pra quem não tinha mesmo força pra trabalhar
É, mas o tempo passou, e hoje tudo mudou
Veja só como é que tá
Bom, o resto, vamos deixar ele cantar

Com esse tempo os meninos foram embora
Pra estudar lá na cidade, outra escola
Por lá ficaram, já não podem mais voltar
De vez em quando vêm aqui pra passear
Só ficamos os dois velhos
Na beira do ribeirão
Companheira é a luz da Lua
Que ilumina o chapadão
Viver, amigo Rosa
Se já era perigoso
Ficou muito mais custoso
Não se arranja nem peão
Já não posso com mais nada
Minha velha já nem fia
Então a gente desconfia
Que é o fim dessa meada

E, ei
Tempo bom se trovejava
Ouvia o vento
Que a, e, i, o, uivava

Vou vender todo o meu gado
Já não tenho atividade
Vou deixar essa morada
Vou-me embora pra cidade
Meu velho Rosa, pras veredas lá do céu
Só vou levar o que couber no meu chapéu
Meu velho Rosa, pras veredas lá do céu
Só vou levar o que couber
Debaixo do meu chapéu

E, ei
Tempo bom se trovejava
Ouvia o vento
Que a, e, i, o, uivava

Otros videos de esta canción
    0 visualizaciones

    Afinación de los acordes

    Afinador en línea

    Ops (: Contenido disponible solo en portugués.
    OK