Filho de uma família perfeita
Cercado de beleza ideal
Infeliz com os limites da vida
Quis provar uma dose de mal
Inexata vontade da vida
Apostei minha razão para crer
Maltratei os contos e as fadas
Mundo velho em novo renascer
Terra, chuva, lama e fogo
Minhas mãos moldam mentes vazias
Descontrole, covarde vingança
Sangue tinge o despertar do dia
Revelado o pecado ao mundo
Prometi, não premeditei
Os meus erros ganham a forma
De agonia que eu mesmo criei
Ainda assim arrisquei minha sentença
Torturei todo tempo que pude
Sacrifícios que são necessários
Ao segredo incauto da virtude
As paredes e os céus testemunham
A figura deformada ao chão
Destruí os limites possíveis
Da razão e da reflexão
Levante-se! (Levante-se!)
Oh, minha criação!
Despertai (despertai)
A dúvida
Levante-se! (Levante-se!)
Oh, minha criação!
Despertai (despertai)
A dúvida
Olho no espelho e não reconheço
Tateio em minha face um monstro real
Não me assusto com o fato de ser eu mesmo
Mas com o que sofrerei por ser um ser mortal
Na terra dura, fria e nua, sofria calado
E mesmo no inverno, resolvi sonhar
Busquei todas as noites pelo fruto bom
Gosto amargo só o que me restou provar
Sendo um ser discreto, acompanhei de perto
Pulsava um coração preenchido de desertos
Desenhava nas areias as minhas quimeras
Alçava voos rasos na minha miséria
Pareço, sim, um louco, mas tinha um desejo
Mesmo com minhas culpas, buscava amar
Deixar de ser apenas um denominado
Ter ao meu redor com quem me reconciliar
No entanto, hediondez é uma força bruta
Antinatural, tal qual minha figura
Imerso em um universo de amargura
Ódio e vingança moldam minha conduta
Seremos vítimas do ciclo agônico
Nunca seremos figuras iguais
Ainda assim, nos resta o destino escuro
Tempo invencível não possui final
Até tu, meu criador, me rejeitas!
Até tu, meu criador, me detestas!
Sejas maldito! Maldito criador!
Me fez miserável, herdei um mundo de horror!
Até tu, meu criador, me rejeitas!
Até tu, meu criador, me detestas!
Sejas maldito! Maldito criador!
Me fez miserável, herdei um mundo de horror
Nossa culpa nas causas perfeitas
Pude ver ao romper a cegueira
A realidade é o puro desejo
De anestesiar uma vida de rancor
E nas aparências da espécie humana
Antropofagias da vontade insana
Em saciar a fome do seu egoísmo
Pra morar sozinho no seu próprio paraíso
No seu próprio paraíso!
No seu próprio paraíso!
No seu próprio paraíso!
No seu próprio paraíso!