Ouço as palavras que saem silenciosas
Sem o veneno da perda
Ou a mágoa do arrependimento
Caia em meu jardim
Na mais secreta e ruidosa manhã
Enchendo de vida e de gozo
O desespero que grita pra ser ouvido
Toque o céu ao adormecer
E sinta-se à vontade
Caso queira receber de volta
O amor que a ninguém mais pertence
Outro dia chega ao fim
E nesta solidão quase seminarista
Eu atravesso a passos curtos
Nossa lembrança de não ser somente um
Fez-me falta cada dia, não nego
Mas o hoje sempre foi pior
Por ser presente o minuto
Que louvo em meu verso sem rima
E por isto abro a janela
Entre e numa lágrima breve
De quem aguardou uma vida toda
A recebo em meus braços
Como um girassol neste chuvoso novembro