Vinte e dois caminhos à frente, um eu escolhi
O caminho da porta que irei seguir
Na sequência nove, me torno um aprendiz
Percebo o eco entre o mundo e o véu
Sinto o ar distorcer
O tempo ser meu
Aprendo a abrir fendas
Tocar o vazio
Entendo o silêncio que antecede o frio
Estudo o abismo
Descubro o limiar
Entre o sonho e o real começo a andar
O espaço me observa
Responde ao meu olhar
Sou o aprendiz que aprendeu a atravessar
Na sequência oito, o mestre dos truques
Faço do real um espelho partido
Onde o falso é verdade e o certo é fingido
Dobro sentidos
Distorço visão
Iludo todos com a palma da mão
Crio reflexos que tomam forma
Faço da mentira uma lei que se transforma
Quem me persegue se perde na ilusão
Pois até meu rastro engana a direção
Na sequência sete, sou um astrólogo
Leio o destino nas constelações
Os astros respondem às minhas preces
Movo estrelas
Traço caminhos
O céu se curva ao toque do adivinho
Com um cálculo
Desvio a própria sorte
Dobro o tempo
Redesenho a morte
Leio o caos que o universo desfaz
Pois os céus falam e eu traduzo o que virá
As portas chamam, profundas, eternas
Sussurram segredos de quem foi além
Entre o véu e o vazio
O destino desperta
E o preço do saber se revela também
Abrir o caminho é rasgar o tempo
É tocar o abismo e não mais voltar
Pois quem vê o todo e escuta o silêncio
Aprende que o poder é se sacrificar
Na sequência seis, bebi a poção do escriba
As palavras me servem
As runas me temem
Cada frase é um pacto que os deuses compreendem
Registro o impossível
Traduzo o oculto
Escrevo poderes e deles usufruo
Copio a força de outros caminhos
Faço do verbo um arsenal divino
Mas cada linha é uma lâmina viva
Sou o escriba que aprendeu demais
E paga com a alma o preço do poder
Na sequência cinco me torno um viajante
As distancias se curvam
O espaço obedece
Cada passo meu
Um mundo que desaparece
Abro portais com o simples olhar
E cruzo dimensões sem precisar chamar
Vejo cidades que nunca existiram
Mundos esquecidos que os anjos sentiram
Sou o viajante do limite e do além
O que vai e sempre volta também
Na sequência quatro, feiticeiro secreto
A vontade é lei
O nome é poder
O real se curva ao meu entender
Falo em palavras que o mundo obedece
E o próprio impossível desaparece
Reino entre sombras que sussurram preces
Cada sílaba dita
Um milagre acontece
Manípulo leis que o tempo sustenta
Reescrevo o destino com voz sedenta
Na sequência três sou um andarilho
A carne é véu, e o véu se dissolve
Caminho entre planos que o espaço não envolve
Não há corpo, nem forma, nem chão
Só pensamento que move a imensidão
Vejo mundos nascerem e ruírem
Atravesso tempos que insistem em mentir
Sou o passo que eco no além
O andarilho que viaja e jamais vem
Na sequência dois o caminhante do planar
Transcendo as camadas do cosmos etéreo
Toco o espírito do próprio mistério
Cruzo oceanos feitos de luz e memória
Carrego nas mãos os fragmentos da glória
Em planos dobrados
Minha sombra se espalha
Minha essência ecoa
O real se atrapalha
Converso com deuses
Ignoro seus nomes
Pois agora o meu poder consome
Eu vejo o invisível que os anjos temeram
Entro em domínios que os deuses perderam
Sou o caminhar entre tudo e o nada
A voz que ecoa e nunca é calada
Na sequência um sou a chave das estrelas
Carrego nas mãos os portões do céu
Cada gesto abre um universo ao léu
Comando trajetórias
Desfaço dimensões
Reescrevo os deuses
Crio constelações
Abro portas onde o tempo se quebra
E o caos me serve
Pois a ordem me nega
Sou o guardião do cosmos em espiral
A chave que abre o princípio imortal
Entre os cinco grandes o mais temido
Nobre de tudor
O duque perdido
Em cada passo
Um portal se abria
Em cada olhar
O cosmos se partia
Mas o poder que uniu os mundos o consumiu
Seu nome ecoou e o próprio céu rugiu
A deusa da noite eterna baixou seu olhar
E o senhor das tempestades ergueu-se do altar
Na guerra dos imperadores o destino foi selado
Bethel foi banido
Seu nome apagado
Lançado ao reino de escuridão sem perdão
Onde ecos do caos erguem sua prisão
Sob a Lua vermelha
Ele clamava entre mundos
Sua voz rachava as fronteiras do espaço
As estrelas estremeciam em compaixão
E até o tempo cessava seu passo
Seus olhos espelhos da insanidade
Refletiam mil realidades
Todas em ruínas
Parecia que pedia ajuda
Mas era o contrário
Porque bethel via além da salvação
Via o que esperava por trás das portas abertas
E em seu desespero não buscava socorro
Buscava esquecimento
Na sequência zero me torno a porta
Chego ao limite entre o ser e o vazio
Meu corpo é selo
Meu pensar é o caminho
Abrindo o real
Tocando o impossível
Enquanto a deusa mãe da depravação murmura distorcendo o destino
Bethel caiu sob a doce corrupção
A mãe guiou sua falsa ascensão
Amon tomou o ápice no último momento
A porta fechou o que restava do ser
E o anjo ascendeu sem jamais renascer