Dizem que objetos
Com os cuidados corretos
Podem habitar
Uma alma
Se isso estiver certo
O que há nos restos?
O lixo que o mundo
Descarta?
Mãos deformadas por meu pai
Fui abandonado a muito tempo atrás
Regto me criou e me trouxe paz
Mas
Lembro de eu espancar minha cabeça na parede
Pra tentar abafar uma dor que nunca sai
O fato de ser abandonado era o que me incomodava
Fez eu sentir como se minha existência não valesse nada
Lembro o que cê me disse
Que pra essa dor sumir
Eu teria que encontrar
Algum motivo pra existir
Eu sempre tive empatia pelo lixo
Nunca foi nojento ou esquisito
Pois eu sempre enxerguei além disso
Achava bonito
Venho de um mundo
Onde poucos tem muito
E muitos tem pouco para ser servido
As minhas mãos deformadas
Na minha infância chorei
As luvas cessam uma dor agonizante
Então usei
Cheguei em casa
Quem amo morto no chão
Lugar errado, hora errada
Eu já disse eu não o matei
Lixos não tem voz mas escutem bem
(Escutem bem)
Eu vou me vingar, de todos vocês
(Todos vocês)
Isso é por quem perdi, por-
Tudo que eu sofri, eu-
Juro vou matar
Cada um de vocês
Eu juro que não vai sobrar ninguém
Ninguém, ninguém
Ninguém, ninguém
Escutem bem, escutem bem
Se eu cair cês vão cair também
Também, também
Também, também
Vão cair também
O abismo não era o fim de tudo
A queda me trouxe a um novo-
Mundo
Coberto por lixos, entulhos, um cheiro imundo
Tudo que nós jogamos
Cada lixo descartado
Fez muitos sofrerem com doenças, pragas, mortes
Em dezenas e milhares de acúmulos
Cúmulo
Daí que surgem os limpadores
Um grupo que enfrenta cada monstro
Com éticas e valores
Fui recrutado
Em troca me ajuda a voltar
A minha vingança vai começar a partir de hoje
Se você ama um objeto
Demonstrando cuidado e afeto
É possível extrair poder
Com uma habilidade muito foda
Essas luvas são mais que restos
É o que eu mais amo no universo
Ou seja tudo vira arma
No momento em que ela toca
Solicitaram nossa ajuda
(Então vamos seguir)
Resgatar alguém que veio do mesmo-
(Lugar que eu cresci)
Era mais uma armadilha
(Como não percebi?)
Que quem tenta me proteger
Acaba tendo o mesmo fim
(Seu, seu)
Seu desgraçado
O gris tá morto (morto)
E você tá achando engraçado
São todos iguais lá em cima e aqui em baixo
Eu juro
Juro, vou matá-lo
Você queria ver (ver, ver)
O fruto do meu poder? (Er, er)
Eu tô tentando entender (der, der)
Como fazer um masoquista sofrer?
Acho que vocês entenderam errado
Meu poder não é fazer armas
Com objetos tocados
Mas sim aprimorar ao máximo os objetos ao redor
Extraindo uma habilidade total quando necessário
Por exemplo
Eu desejei que seus ataques não me tocassem
E agora veja o que tá acontecendo
Cê tá vendo?
A arma do homem que você tirou a vida
Continua de pé e me protegendo
Eu vou rejeitar tudo aquilo que cê acredita
Eu sei pra qual lado você avança
Então prossiga
Vocês que dependem dos seus poderes me diga
Se já viu como é
Que um moleque de rua realmente briga
Não, não sinto nenhuma culpa
Vendo quando cê se machuca
Mesmo que durma não muda
Que foi sua culpa
Tudo isso foi minha
Culpa
(Lixos não tem voz, mas escute bem)
(Eu vou me vingar, de todos vocês)
Isso é por quem perdi, por
Tudo que eu sofri, eu
Juro vou matar
Cada um de vocês
Eu juro que não vai sobrar ninguém
Ninguém, ninguém
Ninguém, ninguém
Escutem bem, escutem bem
Se eu cair cês vão cair também
Também, também
Também, também
Vão cair também