Sete da manhã, a casa em paz
Tento gravar a minha voz
Mas lá no fundo um monstro jaz
Pronto pra ser o meu algoz
A primeira faísca rasga o ar
E o meu sossego se desfaz
Começa o dia, o mesmo altar
De um Deus do barulho que não tem paz
O chão começa a tremer
A minha mente a latejar
Eu já não sei o que fazer
Só me resta amaldiçoar
Serralheiro do inferno!
Puta que pariu!
Esse barulho eterno
Algo que jamais se viu
Serralheiro do inferno!
Puta que pariu!
Rasgando o meu ouvido
Puta que pariu!
Ele não para, nem no feriado
Cortando ferro, viga e portão
A vizinhança em pé de guerra, ao meu lado
Planejando uma revolução
Meus pesadelos são com a serra
Gritando dentro do meu travesseiro
É uma sucursal da terra do tinhoso
Essa merda o dia inteiro
Serralheiro do inferno!
Puta que pariu!
Esse barulho eterno
Nunca assim se viu
Serralheiro do inferno!
Puta que pariu!
Rasgando o meu ouvido
Puta que pariu!
Um dia eu juro, bato na porta
Daquela oficina e tomo coragem
Pergunto qual é a deles
Se fazem isso de sacanagem
Ou talvez eu só sonhe com o silêncio
Com o dia em que o motor vai explodir
Um breve momento de paraíso, eu penso
Antes dele voltar a sacudir
Serralheiro do inferno!
Puta que pariu!
Esse barulho eterno!
Puta que pariu!
Serralheiro do inferno!
Puta que pariu!
Fazia barulho pra caralho!
Puta que pariu! (Que merda!)