Os mais velhos às vezes falam dele
Daquele que sai, só nos dias de chuva
Se rasteja pra fora da terra com sua pele viscosa e carapaça dura
Contemplando sob as gotas de chuva, um mundo perdido que já foi dele
Pois agora de sua estranha espécie não existem outros, só existe ele
Mas um dia, o que era pra ser só uma chuva passageira
Começou a ficar forte demais, e os dias foram passando
E ela se transformou em uma terrível tempestade que não tinha mais fim
E aquele que se rasteja percebeu que não precisaria nunca mais se esconder debaixo da terra
Aquele monstro nunca vai nos perdoar
Tudo que fizemos ele ainda pode se lembrar
Não adianta fugir pro Piauí ou pra outro planeta
Pois nada derruba aquele que se rasteja
Dragões que cortam o céu um dia se rastejaram na lama
Asas quebradas pelo peso de um mundo que só reclama
Hoje fodem o mundo com a fúria da hidra de mil cabeças
E gritam: Nada derruba aquele que se rasteja
Nada derruba aquele que se rasteja
Nada derruba aquele que se rasteja
E não adianta fugir pro Piauí ou pra outro planeta
Pois nada derruba aquele que se rasteja