Yeah
A minha avó dizia: Obrigados a marchar!
Quem manda? Salazar, Salazar!
Silêncio, anos 60, ultramar!
A independência Salazar quis calar!
Jovens obrigados a combater
Milhares acabaram por morrer!
Outros, com metal espetado na carne
Tantos sem vista! Só quem perde sabe!
As granadas eram bem reais
Adormecendo corpos nunca mais iguais
Destruindo a sanidade dos demais
É que, para casa, tu já não vais!
Braços cortados, pernas amputadas
E nós nada podíamos dizer!
Eleições, nem as ver!
Contra a guerra nem podias ser!
É simples, a vida vale pouco
E, se 'tás mal, ele tira-te do jogo!
Como troco, és corrido a soco!
Não és mudo, mas se falas és louco!
Yeah
Respirava-se medo
Ideais guardados em segredo!
A PIDE, o pior pesadelo!
Quantos inocentes presos em degredo?
Mas heróis são vocês, escrevendo entre linhas
Torturados, lutando por justiça
E afirmando: Nós pensamos diferente!
Liberdade, pois, também somos gente!
E não podemos falar do país quando está doente?
Ei-yo, ser português
É ter a noção
Que gente morreu
Pela nossa nação!
Lágrimas caíram
E sangue derramou
Mas liberdade
A nossa pátria salvou
Portugal mudou
E o silêncio acabou! (E o silêncio acabou!)
Pois o povo despertou
E não se conformou!
A revolta crescia!
Porquê não ter uma vida digna?
Em que o Tarrafal não fosse rotina
Trabalhos forçados não ceifassem a vida
Campo da morte lenta? Existia!
Vomitando sangue, dia após dia!
Portugueses caíam doentes, tanta vez!
Doze numa cela, quando só cabiam três!
Imagina, tu quereres dormir
Mas a PIDE simplesmente o impedir!
E queimar-te com cigarros, dar-te pancada
Obrigar-te à tortura da estátua
Neste jogo ditatorial
Ele quer assim e nós temos que pensar igual!
Mas não! Não é o sangue o estandarte português!
O que achas de Salazar? Tanta pergunta por quê?
Yeah
Ele fazia-se de surdo
E cartas para a família, perdia-se tudo!
Mas do óbito nasceu convicção!
Para ditar fim à repressão!
Descolonização alcançada
E a liberdade conquistada!
Ei-yo, ser português
É ter a noção
Que gente morreu
Pela nossa nação!
Lágrimas caíram
E sangue derramou
Mas liberdade
A nossa pátria salvou
Portugal mudou
E o silêncio acabou! (E o silêncio acabou!)
Pois o povo despertou
E não se conformou!