Dois mil e toma essa, dias de luta, dias glórias
Provei o gosto do fel, pra desfrutar da vitória
Reconheço o peso da camisa que estou vestindo
Só eu sei o que passei pra hoje eu estar vivo
A fonte nunca seca, a sombra é pra poucos
Sei que estou no lucro, já era pra eu estar morto
Vejam as estatísticas, minha geração não chega aos trinta
Percebi uma coisa: Com a vida não se brinca
Vozes gritam nas espreitas, por que essa estrela brilha
Quero ver ela ofuscada, apaga em terapia
Sei de várias fitas, traíras me cogitando
Observando os meus passos, copiando os meus planos
Faço de desentendido e sigo na caminhada
Sei de umas imagens editadas e retiradas
Não pega nada, se tá ligado, só faço a minha
Será que foi ranço? Ou falta de disciplina?
A vida ensina, a rua cobra, cuidado com as manobras
Perigosas, olha o cão, não faça vista grossa
Tenho minhas convicções, erro até umas horas
Poeta escreveu: Quem ama muito chora
Os venenos me entristecem, cansa, arrebenta
Mais um, o quanto se suporta é o que faz a diferença
Bate qualquer um, bate, né, não meu cumpade?
Agora tem que estar preparado pro revide no embate
Pega essa se tu pode, liberdade ou malotes
Sua vida não é um erro, muito sangue gera ibope
A novela é fantasia, muita besteira transmitida
Trabalhe o campo das ideias, abasteça com poesia
A moeda compra pão, coberto, aconchego
O caráter atrai prestígio, honra e respeito
A solidão é perigosa, o deserto é necessário
Mesmo com as evidências, não tenha pressa no aplauso
O mecanismo gira, a engrenagem é sórdida
Produzem a doença, uma virose misteriosa
Quanto custa a cura? Vai pergunta pra quem precisa
De um transplante de órgão, tipo o Fausto Silva
Não é que seja fácil, não é que seja difícil
Tudo tem uma história, um contexto exigido
Isso é Brasil, nada amado, extrema hostil
Privam o conhecimento, não adianta tomar Doril