Nesses tempos de guerra, ódio que impera, o que nos sobrou foi narrar o acontecido
De mães debruçadas, abraçando seu filho, chorando, vendo ele com o crânio partido
Irmão, nosso inimigo não é o favelado que tamo matando de outro setor
É o deputado, o prefeito, o gravata, melhor é rajar a cara do senador
Não é letra violenta quem é do gueto entende o que eu falo, o que nós tá cantando
Menor não se envolve, é vida perigosa, amanhã pode ser seu sangue derramando
Menino soldado, fábrica do estado que é contra o estado, quer meter ataque
320 de baixo da blusa, segura, rajadas de Sig Sauer
Meu povo é sofrido, trancado é esquecido a miséria transforma os meninos em monstro
Se for pra catar, playboy vai chorar, ganância gerando corpos nos escombros
Hora de cessar fogo, não é maquiagem sangue é de verdade, isso não é um teste
Estanho alojado, batimentos baixo corpo perfurado de bala Intratec
Não dá pra entender, guerra sem sentido, quebrada e quebrada, crime contra o crime
O foda é saber que nós é o alvo, cena de terror, vítima desse filme
Um tempo atrás nós se reunia, brincar futebol, de ladrão e polícia
Hoje é reunião pros menor se armar, fechadão, hoje é formação de quadrilha
O amor acabou, ódio aumentou, parque tá macabro, só louco no jogo
Que vai pra matar, ver sangue jorrar, com um facão, bate, quebra o talo do pescoço
As 762, 765, URU, as 40 e as 9mm
380, 357, R-BABY, as Kalashnikov
Invés de estudar, trampar, se formar, os moleques quer tambor cheio, Roll Point
Caçando inimigo é troca de tiro, nas ruas de terra tem marcas de sangue
Sem ter mãe Dináh, sem ter Nostradamus, pra ter que prever vários crânios abertos
Ódio dos meninos de arma na cinta pra multiplicar cruz lá no cemitério
Você aqui Jaz, no jardim da paz, quem ficou foi só pra aumentar o problema
Sobe na garupa, missão pela rua, inimigo vai tombar de 40
Coroa chorando no IML, obrigada a ter que reconhecer o filho
Traumatizada, desesperada olhando na cara, os buracos de tiros
Responde pra mim, quantos no crime se aposentou e tá contando história
Quantos tão aí mofando na cela, ou morto, teve seu final sem glória
Hoje os moleques rasgam de PT, não pensam duas vezes, bala em quem seja
Comemorando a morte do inimigo caído, sem metade da cabeça
Vamos parar, bagulho tá feio, sangue derramado o inferno estremece
Corpo no caixão, descendo nas cordas mais que virou uma letra de rap
Primeira deu bom, segunda deu bom, terceira deu ruim de encontro com a morte
Corpo esticado, sem reação na calçada, uma PT na outra, um malote
Nas raves se mata, se degradando bebida, narina tá na carne viva
Vivendo ilusão, achando tão bom, as notas com as carreiras de cocaína
Tiro pipoco, voa miolo enquanto eu canto o crime tá em ação
Matando mais um, mas, não é só um, larvas devorando corpos em caixão
Irmão me escuta, fora da rua se jogo do crime enquanto tem chance
Vários não, aprofundou mais, caiu, sem ter direito a revanche