Trago na alma um desdém raivoso
Passam objetos fugazes sob o olhar do poente
Praças, madeira, tijolos, poeira
Um gosto amargo rola até os meus lábios
É preciso que haja um lugar para onde ir
Os olhos cansados, fechados no meio da noite
Esboçam um quadro medonho, num sonho, o açoite
Isolado na cela, na gaiola amarela
A roda da máquina invisível me traga
É preciso haver um lugar onde haja piedade
Sórdido, nojento, abjeto
Deslizo no sangue
Sinistro projeto
Arrasto-me, exangue
Um crime sem pecado
Um corpo no chão
Um golpe certeiro assustado
O eclipse da razão