C
Éguas gateadas bem formadas na mangueira
Dm
a recolhida veio cedo da invernada
G7 D7
e a melodia das esporas cantadeiras
F G7
vai acendendo o que restou da madrugada
C
A cuia guarda os meus segredos mal dormidos
Dm
junto à chaleira ao pé do fogo recostada
G7 D7
e o mate sonha nos meus sonhos distraidos
F G7
quando se deixa com a erva já lavada
F
Sobre os arreios meu viver se perpetua
C Am
e enchergo a alma da querência galponeira
D7
num joão-barreiro que chegou há muitas luas
Dm G7
e ergueu seu rancho no palanque da porteira
F
Talvez por isso em cada nova recolhida
C Am
dentre a mangueira neste velho ritual
A7 Dm
junto comigo no tenteio desta lida
G7 C
sinto o Rio Grande agarradito no buçal
C
Quando o rebanho vem na dobra da coxilha
Dm
trazendo os velos invernais para a estação
G7 D7
mal comparando vejo nuvens andarilhas
F G7
que se perderam do horizonte para o chão
C
E o céu campeiro que acordou meio nublado
Dm
sangrando o dia para as luzes do arrebol
G7 D7
em pouco tempo foi ficando pelechado
4 F G7
e abriu porteiras para o vento e para o sol
F
A vaca esconde a cria nova na macega
C Am
e eu vejo a vida que renasce no capim
D7
o atavismo que não morre e não se entrega
Dm G7
num touro pampa afiando a guampa num cupim