Todo mundo quer opinião
Mas ninguém aguenta verdade
Dizem: Seja você mesmo!
Desde que não fuja da massa
Me ensinaram a sorrir mesmo sem querer
A vestir a roupa certa para não enlouquecer
Mas quem sou eu nesse espelho rachado?
Imagem bonita, essência apagada
Fui me moldando pra caber
Mas perdi espaço pra viver
E se eu quiser gritar?
E se eu não quiser agradar?
Será que vão me apagar
Por não me dobrar?
Entre o que sou e o que esperam de mim
Tem um abismo com gosto de fim
Mas eu não vim pra ser igual
Eu vim pra ser real
Desaprendi a falar o que eu sentia
Pra não ferir a hipocrisia
Criei versões de mim pra cada estação
Mas perdi o rumo nessa mutação
Fingir cansa, sorrir demais adoece
E o coração grita, mas ninguém reconhece
Querem que eu siga o roteiro seguro
Mas eu sou incêndio e não brasa
Estou me reconstruindo sem manual
Porque ser eu já virou ato radical
E se eu quiser gritar?
E se eu não quiser agradar?
Será que vão me apagar
Por não me dobrar?
Entre o que sou e o que esperam de mim
Tem um abismo com gosto de fim
Mas eu não vim pra ser igual
Eu vim pra ser real
Chega de moldes, filtros e rótulos
Não sou perfeito, nem quero títulos
Só quero existir sem pedir permissão
Sem pagar o preço da alienação
E se eu quiser viver?
Sem ter que me esconder?
A vida é curta demais
Pra ser o que os outros querem ver
Entre o que sou e o que esperam de mim
Tem poesia, tem caos, tem fim
Mas eu não vim pra ser igual
Eu vim pra ser, real