Lá no alto da colina
Nasce a lua pequenina
Prateando os palmeirais
De manhã vai a serrana
Da sua humilde cabana
Trabalhar nos cafezais
Sua pele é tão corada
Que a lua enciumada
Foge por não ser tão bela
O vento sacode os galhos
Jogando pingos de orvalho
Nos longos cabelos dela
Quando o dia vem surgindo
Ela desperta sorrindo
Pra ver a luz da manhã
Seus braços são perfumados
Por entre os fios rosados
Do seu cachecol de lã
No aconchego dos montes
Ela se banha nas fontes
Jamais vista por alguém
Nas escarpas dos rochedos
Ficam pra sempre os segredos
De alguns sinais que ela tem
Entre as voltas da ladeira
Vai a serrana faceira
Deixando mais riso e graça
Por mais que sejam singelas
As flores ficam mais belas
Na hora em que ela passa
Se Vênus nasceu no mar
Ela nasceu no luar
Que a madrugada irradia
Os pássaros são seus cantores
Pra ser mais bela que as flores
Nasceu no mês de Maria
Deusa de olhar envolvente
Que deixa em qualquer vivente
O prazer de conhece-la
Na sua face macia
Um só beijo bastaria
Para ninguém esquece-la
O aroma da cascata
Vagueia dentro da mata
Perfumando o corpo seu
Alguém pode gostar dela
Mas não existe por ela
Ninguém mais louco que eu
Alguém pode gostar dela
Mas não existe por ela
Ninguém mais louco que eu