Sertão do canto das aves
Berço do carro de boi
Além de perdas imensas
Vítima de secas intensas
Nosso sertão sempre foi
Com suas levas constantes
Dos seus filhos retirantes
Jamais alguém os venceu
O sertanejo é o tema
Dentro do próprio poema
Que sua vida escreveu
Eu vou voltar pro meu sertão
A tristeza me invade
Nunca mais faltou saudade
Dentro do meu coração
No inverno a mata verde
Veste o corpo do sertão
Vem a hora matutina
Trazendo a voz campesina
Das águas do ribeirão
A luz brilha no nascente
A manhã de Sol ardente
Faz o orvalho cair
De noite volta a frieza
Por que só a natureza
Sabe se reconstruir
Eu vou voltar pro meu sertão
A tristeza me invade
Nunca mais faltou saudade
Dentro do meu coração
No sertão ainda existe
Lugar bom pra si morar
Mesmo na seca paisagem
A gente escuta a mensagem
Do passarinho à cantar
Numa música comovente
A araponga estridente
De vez enquanto martela
Despertando o tabuleiro
Parece ter um ferreiro
Dentro da garganta dela
Eu vou voltar pro meu sertão
A tristeza me invade
Nunca mais faltou saudade
Dentro do meu coração
Como é belo o juazeiro
Flora no fim do verão
Sua copa verdejante
Vista de muito distante
Enfrentando a sequidão
Só parece um nordestino
Marcado pelo destino
Que não o favoreceu
Mas não deixa de ser forte
Para suportar a sorte
Que a natureza lhe deu
Eu vou voltar pro meu sertão
A tristeza me invade
Nunca mais faltou saudade
Dentro do meu coração
Sertanejo não tem hora
De dormir nem acordar
Corta ração para o gado
Faz a cerca do roçado
Pro rebanho não passar
Se por uma desventura
Um outro lugar procura
Pra poder ganhar o pão
É grande o seu sofrimento
Por que nem um só momento
Ele esquece o seu torrão
Eu vou voltar pro meu sertão
A tristeza me invade
Nunca mais faltou saudade
Dentro do meu coração
Eu vou voltar pro meu sertão
A tristeza me invade
Nunca mais faltou saudade
Dentro do meu coração