Não foi o tempo, não foi o mundo, não foi o acaso
Fui eu que desmontei a gente, passo a passo
Eu vi o brilho do teu olho virar cinza fosco
E te culpei por não sorrir, olha que desgosto
Eu era o frio quando tu pedia calor
Eu era o muro quando tu pedia valor
Te chamei de louca quando tu pedia atenção
Assassinei tua autoestima com a minha omissão
Tu gritava em silêncio, eu fingia surdez
Tu me dava mil chances, eu pedia a milésima e uma vez
Eu suguei tua luz pra tentar acender a minha
E te deixei no escuro, chorando sozinha
E agora eu sangro o dobro do que tu sangrou
Porque a ficha não cai, a ficha despencou
Eu sou o crime, a cena, a bala e o gatilho
O homem que matou o próprio brilho
Tu foi embora pra sobreviver, eu entendo a verdade
Longe de mim, tu achou tua liberdade
E eu fiquei aqui, preso na minha própria sorte
O laudo confirma: Eu fui a causa da morte
É engraçado como a casa fica grande sem você
O eco da minha voz volta pra me bater
Eu vejo tuas coisas no canto, pegando poeira
Mas a lembrança tá limpa, tá viva, tá inteira
Eu tento culpar o destino, dizer que não era pra ser
Mas no fundo eu sei que a culpa é do meu jeito de ser
Um parasita emocional disfarçado de abrigo
Que transformou a mulher da vida no pior inimigo
Dizem que o tempo cura, mas o tempo é cruel
Ele só me mostra em 4K o meu papel
De vilão da história que tu vai contar sorrindo
Dizendo: Ainda bem que daquele mal eu tô saindo
Eu queria te pedir perdão, mas perdão é pouco
Pra quem te deixou sã e depois te deixou louca
Não tem desculpa que cole os cacos do espelho
Não tem volta pra quem transformou amor em pesadelo
Eu passei noites perguntando e se fosse diferente?
Mas a resposta tá fria, parada na minha frente
Não me odeie por eu ter te deixado ir
Me odeie por ter demorado tanto pra sumir
Porque o pior castigo não é a solidão que me consome
É saber que, se eu fosse você
Eu também teria fugido do meu nome